Tradutor

English French Spain

quarta-feira, 11 de julho de 2018

Aspectos biológicos sobre a Barra da Lagoa do Peixe

O Parque Nacional da Lagoa do Peixe é uma das principais unidades de conservação costeira do sul do Brasil. O parque protege uma variedade de áreas úmidas continentais, estuarinas e marinhas, garantindo a sobrevivência de uma ampla diversidade de espécies de vários grupos de organismos, inclusive de espécies ameaçadas de extinção (Perello et al. 2010). A Lagoa do Peixe tem sua conexão com o mar aberta artificialmente, e esse manejo, conhecido como abertura da barra, ocorre há mais de 150 anos com a finalidade de reduzir o volume de água que inunda os campos adjacentes à Lagoa do Peixe (Knak, 2004).
A abertura artificial da barra permite a entrada de larvas de camarão-rosa e siri-azul, e também a redução da água na planície de inundação que aumenta a área de pastejo para o gado. Os impactos biológicos e ambientais da abertura da barra são pouco estudados com relação à biodiversidade que habita a área do Parque. O processo de abertura artificial da barra da Lagoa do Peixe tradicionalmente é feito na época da Primavera, época propícia para a entrada das larvas de camarão-rosa e siri-azul, e também onde predominam os ventos de nordeste, que permitem o deságue mais eficiente. A abertura feita antes da época pode causar desequilíbrios biológicos, tanto na fauna de microorganismos recicladores de matéria orgânica, quanto na flora de macrófitas, essenciais ao equilíbrio da Lagoa do Peixe. Trabalhos feitos por Rolon em 2012 e Crippa e colaboradores em 2013 comprovaram tais efeitos.
A riqueza e abundância de organismos essenciais ao ciclo biológico da Lagoa do Peixe é menor na área da abertura do que nas regiões internas, o que evidencia que a abertura da barra favorece a saída desses organismos para o meio marinho. O período de inverno também é importante para a manutenção do equilíbrio hídrico entre as lagoas do entorno com a Lagoa do Peixe. Em anos de estiagem, este quadro pode piorar ainda mais, com a mudança das condições para o estabelecimento da flora característica do local, uma ameaça grave para o ecossistema.
Em relação à abertura da barra os fatores considerados são: o nível da água na planície inundada; o tempo em que a barra ficou fechada, para favorecer os processos biológicos do local, já que os microorganismos que proliferam durante a barra fechada servirão como alimento para as espécies com valor comercial (peixes e camarões) e também para as aves que são mais sensíveis à escassez de alimentos, influenciando sua migração. A equipe de gestão do Parque Nacional da Lagoa do Peixe, está sensível aos anseios da população com relação ao fechamento natural da barra e o acúmulo de água na região.