Olá amigos do Parque!
Bom, hoje venho com um assunto muito importante e em pauta no RS, o impacto do trânsito de veículos em nossas praias. Na maioria das praias do RS o trânsito é proibido e até na maior do mundo, a do Cassino, a FEPAM está cobrando, e com razão, a inserção de uma área livre de trânsito, que já era condicionante para a liberação do mesmo, porém nunca respeitado pela prefeitura. Irei falar resumidamente dos impactos de veículos sobre a praia e após gostaria de opiniões, as quais serão analisadas pela equipe do parque e poderão compor as estratégias de proteção de nosso orla marítima, ou seja, dos 35 Km dentro da Unidade de Conservação. Os impactos são:
-O trânsito dos veículos, originado do turismo desordenado na UC, compacta a areia, reduzindo o índice de vazios e aumentando a resistência aos deslocamentos de líquidos e gases no interior, interferindo nos processos biológicos presentes no mesmo (Vieira et al., 2004). Também existe a própria barreira física representada pela areia compacta aos deslocamentos de raízes e de organismos que têm seu local de moradia ou de alimentação nestas zonas (Vieira et al., 2004). Uma das espécies mais impactadas pelo trânsito que ocorrem nas praias, Donax hanleyanus (maçambique, Moçambique ou sarnambi), sofre danos diretos durante os períodos de verão. Por ocupar a região do mesolitoral (região que diariamente sofre com a variação do nível do oceano (variação da maré)), o marisco pode, em situações de maré baixa, por exemplo, ficar exposta ao impacto do trânsito de carros que gera atrito e esmagamento do organismo. Outra espécie afetada, a tatuíra é observada em maiores densidades no período de verão, resultado de eventos reprodutivos e recrutamentos nesta estação do ano (Silva, 2006). Os picos reprodutivos desta espécie são distintos e dependem da latitude, com recrutamentos que apresentam sinais que variam de sazonais em praias temperadas (onde a reprodução ocorre de 1 a 5 meses ao ano) a contínuos em praias tropicais (10 a 12 meses ao ano) (Defeo & Cardoso, 2002, 2004). Desta forma, fica evidente a relação de dependência dos períodos de verão como os mais propícios ao desenvolvimento da espécie, justamente a estação do ano mais impactada na região. Temos também a maria-farinha Ocypode quadrata, que devido à sua ampla distribuição, abundância, hábito escavador e zona da praia em que ocorrem, têm sido usados como indicadores biológicos para medir o impacto do uso recreacional (Steiner & Leatherman, 1981; Blankensteyn, 2006) e outras perturbações humanas em praias arenosas (Barros, 2001; Neves & Bemvenuti, 2006). Atividades antrópicas tais como o pisoteio por pedestres, trânsito de veículos na face praial e modificações do habitat, podem frequentemente conduzir a substanciais declínios e afetar a população destes caranguejos (Barros, 2001; Lucrezi et al., 2009; Noriega et al., 2012). Em geral, a densidade de tocas de Ocypode é significativamente menor em áreas com intenso impacto antrópico. Schlacher et al. (2007), avaliando o impacto de veículos sobre a população de Ocypode cordimanus e Ocypode ceratophthalma, observaram baixas densidades de tocas em praias com elevado tráfego de veículos, enquanto Moss & Mchpee (2006), comparando o número de tocas de O. cordimanus em praias abertas e fechadas ao trânsito de veículos, encontraram menor abundância nas praias abertas ao trânsito. Então gente, quanto mais caranguejo tivermos em nossas praias, melhor a saúde do ecossistema em geral, uma vez que estamos tendo um impacto muito pequeno ou inexistente.
Canabarro (2007) analisou o impacto de veículos sobre o comportamento alimentar e de descanso das aves e encontrou como resultado uma correlação negativa entre o tempo médio de alimentação e a quantidade de carros em todos os meses, evidenciando os impactos negativos da presença de veículos sobre a atividade de forrageio das aves costeiras e migratórias. Afetando a migração e colocando em risco a sobrevivência das espécies. Podemos dizer que, quanto maior o trânsito de veículos, menor será o ganho de energia das aves e conseqüentemente pior será o retorno delas para as áreas de reprodução, isto é, uma ação humana aqui, desestabiliza toda uma população de aves.
Com o pequeno resumo de alguns impactos do transito de veículos nas praias, pergunto:
Será que não conseguiríamos nos divertir na praia sem nossos carros?
O grande impacto gerado é válido?
Qual ou quais ações poderíamos executar dentro do Parque Nacional da Lagoa do Peixe? Ajudinha pra vocês, kkkkk, no Plano de Manejo do Parque Nacional da Lagoa do Peixe (procurem no google) já temos uma das ações a serem realizadas. Porém queremos saber o que vocês fariam para minimizar este impacto.
Respondam por favor!
Abraços fraternos!
Fernando Weber
Chefe do PNLP
Bom, hoje venho com um assunto muito importante e em pauta no RS, o impacto do trânsito de veículos em nossas praias. Na maioria das praias do RS o trânsito é proibido e até na maior do mundo, a do Cassino, a FEPAM está cobrando, e com razão, a inserção de uma área livre de trânsito, que já era condicionante para a liberação do mesmo, porém nunca respeitado pela prefeitura. Irei falar resumidamente dos impactos de veículos sobre a praia e após gostaria de opiniões, as quais serão analisadas pela equipe do parque e poderão compor as estratégias de proteção de nosso orla marítima, ou seja, dos 35 Km dentro da Unidade de Conservação. Os impactos são:
-O trânsito dos veículos, originado do turismo desordenado na UC, compacta a areia, reduzindo o índice de vazios e aumentando a resistência aos deslocamentos de líquidos e gases no interior, interferindo nos processos biológicos presentes no mesmo (Vieira et al., 2004). Também existe a própria barreira física representada pela areia compacta aos deslocamentos de raízes e de organismos que têm seu local de moradia ou de alimentação nestas zonas (Vieira et al., 2004). Uma das espécies mais impactadas pelo trânsito que ocorrem nas praias, Donax hanleyanus (maçambique, Moçambique ou sarnambi), sofre danos diretos durante os períodos de verão. Por ocupar a região do mesolitoral (região que diariamente sofre com a variação do nível do oceano (variação da maré)), o marisco pode, em situações de maré baixa, por exemplo, ficar exposta ao impacto do trânsito de carros que gera atrito e esmagamento do organismo. Outra espécie afetada, a tatuíra é observada em maiores densidades no período de verão, resultado de eventos reprodutivos e recrutamentos nesta estação do ano (Silva, 2006). Os picos reprodutivos desta espécie são distintos e dependem da latitude, com recrutamentos que apresentam sinais que variam de sazonais em praias temperadas (onde a reprodução ocorre de 1 a 5 meses ao ano) a contínuos em praias tropicais (10 a 12 meses ao ano) (Defeo & Cardoso, 2002, 2004). Desta forma, fica evidente a relação de dependência dos períodos de verão como os mais propícios ao desenvolvimento da espécie, justamente a estação do ano mais impactada na região. Temos também a maria-farinha Ocypode quadrata, que devido à sua ampla distribuição, abundância, hábito escavador e zona da praia em que ocorrem, têm sido usados como indicadores biológicos para medir o impacto do uso recreacional (Steiner & Leatherman, 1981; Blankensteyn, 2006) e outras perturbações humanas em praias arenosas (Barros, 2001; Neves & Bemvenuti, 2006). Atividades antrópicas tais como o pisoteio por pedestres, trânsito de veículos na face praial e modificações do habitat, podem frequentemente conduzir a substanciais declínios e afetar a população destes caranguejos (Barros, 2001; Lucrezi et al., 2009; Noriega et al., 2012). Em geral, a densidade de tocas de Ocypode é significativamente menor em áreas com intenso impacto antrópico. Schlacher et al. (2007), avaliando o impacto de veículos sobre a população de Ocypode cordimanus e Ocypode ceratophthalma, observaram baixas densidades de tocas em praias com elevado tráfego de veículos, enquanto Moss & Mchpee (2006), comparando o número de tocas de O. cordimanus em praias abertas e fechadas ao trânsito de veículos, encontraram menor abundância nas praias abertas ao trânsito. Então gente, quanto mais caranguejo tivermos em nossas praias, melhor a saúde do ecossistema em geral, uma vez que estamos tendo um impacto muito pequeno ou inexistente.
Canabarro (2007) analisou o impacto de veículos sobre o comportamento alimentar e de descanso das aves e encontrou como resultado uma correlação negativa entre o tempo médio de alimentação e a quantidade de carros em todos os meses, evidenciando os impactos negativos da presença de veículos sobre a atividade de forrageio das aves costeiras e migratórias. Afetando a migração e colocando em risco a sobrevivência das espécies. Podemos dizer que, quanto maior o trânsito de veículos, menor será o ganho de energia das aves e conseqüentemente pior será o retorno delas para as áreas de reprodução, isto é, uma ação humana aqui, desestabiliza toda uma população de aves.
Com o pequeno resumo de alguns impactos do transito de veículos nas praias, pergunto:
Será que não conseguiríamos nos divertir na praia sem nossos carros?
O grande impacto gerado é válido?
Qual ou quais ações poderíamos executar dentro do Parque Nacional da Lagoa do Peixe? Ajudinha pra vocês, kkkkk, no Plano de Manejo do Parque Nacional da Lagoa do Peixe (procurem no google) já temos uma das ações a serem realizadas. Porém queremos saber o que vocês fariam para minimizar este impacto.
Respondam por favor!
Abraços fraternos!
Fernando Weber
Chefe do PNLP
Bom dia! Inicialmente gostaria de parabenizar a atual administração do Parna Lagoa do Peixe, pelas suas ações de gestão participativa em relação as demandas da Unidade de conservação. Sabemos que o trânsito intenso na faixa de praia proporciona sérios prejuízos ao ecossistema litorâneo. Mesmo tendo o conhecimento de que existem habitantes na referida localidade, que abrange os limites geográficos da UC, bem como em sua zona de amortecimento, se faz necessária uma intensa fiscalização e um cadastro eficiente para limitar essa atividade antrópica destruidora. Expedições 4x4 e trilhas off road, que costumam deslocar-se para essas localidades, realizam subidas avassaladoras nas dunas embrionárias e primárias do sistema, provocando a alteração das condições físicas do solo e eventuais mortes de exemplares de flora e fauna. A fiscalização no intuito de reprimir tais ações, precisa ser intensificada. Mas o principal instrumento de modificação de pensamentos e sensibilização da comunidade, é sem duvida a educação. Deve ser implementado com extrema urgência ações de educação ambiental, parcerias com ONGs e realização de projetos que destinam-se a esclarecer a importância da conservação e preservação de nossa biodiversidade, e em especial as espécies que compõem o Parque Nacional da Lagoa do Peixe. Educação é a solução! Abraço e bom trabalho a toda a equipe!
ResponderExcluir