Brasília (18/08/2014) — A cada segundo 15 animais silvestres morrem
atropelados nas rodovias que cortam o Brasil, número que corresponde a
475 milhões de mortes por ano ou a 1,3 milhão por dia. As informações
são do Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE) da
Universidade Federal de Lavras (MG), que desenvolveu um método para
conscientizar sociedade e Estado sobre o assunto. O centro acaba de
fechar uma parceria com o Instituto Chico Mendes de Conservação da
Biodiversidade (ICMBio) propondo soluções ao problema.
O CBEE é responsável pelo Projeto Malha, que tem por objetivo reunir,
sistematizar e disponibilizar informações sobre a mortalidade da fauna
selvagem nas rodovias e ferrovias brasileiras. Com isso, os
atropelamentos passam a ser registrados no Banco de Dados Brasileiro de
Atropelamento de Fauna Selvagem (BAFS) e as informações coletadas pelo
Sistema Urubu, um aplicativo que pode ser usado em smartphones e
tablets. "Integramos esse projeto e, neste momento, trabalhamos na
assinatura de um termo de reciprocidade com a Universidade Federal de
Lavras (UFL) formalizando esta parceria que, até o momento, tem sido
informal", destacou Ivan Salzo, coordenador substituto de Apoio à
Pesquisa do ICMBio.
Os documentos devem ser assinados no próximo Seminário de Pesquisa e
Encontro de Iniciazação Científica, a ser realizado na sede do ICMBio,
em Brasília, entre os dias 16 e 18 de setembro. Na ocasião, o professor e
coordenador do CBEE, Alex Bager, vai expor materiais para divulgar o
projeto. A intenção é que as Unidades de Conservação (UCs) federais que
tenham estradas ou rodovias comecem a usar a metodologia. "O projeto
começou em 2013 e agora estamos em processo de evolução. Nesse um ano e
meio coletamos muitas informações importantes e agora queremos começar a
fazer políticas públicas, em termos nacionais, com os órgãos
competentes", afirmou Bager.
Já integram o Projeto Malha a Floresta Nacional de Silvania, o Parque
Nacional da Chapada dos Guimarães, a Reserva Biológica União, a
Floresta Nacional de Piraí do Sul, a Reserva Biológica Guaribas e o
Parque Nacional Serra dos Órgãos. "Eles compartilham a metodologia de
coleta de dados e têm uma melhor base para comparar as informações",
disse Salzo. Além dessas unidades, o Parque Nacional da Serra, o Parque
Nacional do Iguaçu e a Estação Ecológica Taim também monitoram os
atropelamentos, mas sob métodos diferentes. A expectativa é que até 2015
pelo menos 20, das 313 UCs federais administradas pelo ICMBio, façam
parte do projeto.
Animais que mais morrem
A maior parte dos animais selvagens mortos por atropelamentos são
pequenos vertebrados, como sapos, aves e cobras. Todos os anos, cerca de
430 milhões dessas pequenas espécies morrem atropeladas no Brasil.
Outros 43 milhões são representados pelo animais de médio porte, como
gambás, lebres e macacos. A menor parte, correspondente a dois milhões
de mortes, está relacionada aos animais de grande porte, como onças,
lobos e capivaras.
Monitoramento da fauna atropelada na BR-471
A Estação Ecológica Taim (RS) lançou em 2011 o projeto
"Atropelamentos da Fauna Silvestre: impacto da BR-471" para minimizar os
danos à biodiversidade que a rodovia provoca na Unidade de Conservação
(UC). Durante um ano, a administração da unidade fez levantamentos
quinzenais de espécies e animais mortos na estrada, assim como
monitoramento do tamanho e locais dos atropelamentos. A partir de agora,
também será feita a contagem de veículos que passam pela BR e o
controle dos 19 túneis construídos sob a rodovia para que os animais
atravessem de um lado para o outro sem a necessidade de cruzar a pista.
Uma alternativa
Como uma medida alternativa para reduzir o número de morte por
atropelamento dos animais silvestres, o Parque Nacional do Iguaçu (PR)
conta com aparelhos de "GPS rastreador" do tamanho de uma caixa de
fósforo. O equipamento é instalado em todos os carros que entram na UC e
envia informações importantes, como a velocidade do veículo, para uma
central monitorada pelos servidores do Parque. "O aparelho estimula a
conscientização do visitante. Desde que foi implantado, no início do mês
de julho, não houve mais atropelamento no parque", contou o chefe
substituto da UC, Apolônio Rodrigues.
Comunicação do ICMBio
Fonte: http://www.icmbio.gov.br/portal/comunicacao/noticias/4-destaques/4944-a-cada-segundo-15-animais-silvestres-morrem-atropelados-no-brasil.html
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